terça-feira, 2 de julho de 2013

CISTO DE TARLOV

     O cisto perineurial pode surgir em vários níveis, sendo a maioria assintomática. Os cistos aracnóides no canal espinhal podem ser: intradurais, extradurais e perineuriais.
     Em 1938, no Montreal Neurological Institute, Isadore M. Tarlov5 durante a dissecção do filum terminal de 30 cadáveres e sendo esta região raramente explorada em autópsias, descreveu a presença de cistos na porção posterior da raiz quando na junção do gânglio espinhal. Tarlov visualizou cistos extradurais, frequentemente múltiplos em nervos da região sacral e ou coccígena, ficando conhecido como cisto de Tarlov, também referido como cisto perineural, divertículo de raiz nervosa, cisto meningeal, cisto sacral e cisto de aracnóide.
     Pode-se definir que o cisto de Tarlov é uma dilatação cística no espaço subaracnóideo no canal sacral8 ao nível da junção da raiz dorsal com o gânglio espinhal, entre o perineuro e o endoneuro. Provocam compressão de estruturas nervosas e/ou ósseas adjacentes e com isso acarretando uma sintomatologia importante.
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Fig. 1 – Esquema de cistos em raízes nervosas.
A) Raiz posterior, B) Raiz anterior, C) Nervo, D) Epineuro, E) Perineuro, F) Endoneuro, 1 esquema de um nervo normal, 2 cisto meníngeo extradural, 3 proliferação de aracnóide, 4 divertículo da meninge, 5 cisto perineural – cisto de Tarlov e 6 meningocele intrasacral.
     A maioria dos cistos de Tarlov é assintomático e diagnosticados como achado, quando sintomáticos provocam dor músculo-esquelética em região lombossacral e em membros inferiores, semelhante a uma radiculopatia.
     Apresentam maior incidência no sexo feminino com faixa etária mais acometida entre 32 e 56 anos. A queixa principal dos pacientes pode ser desde sacralgia isolada, lombociatalgia até alterações
esfincterianas, sensitivas e dispareunia. Os cistos de Tarlov podem apresentar sintomatologia clínica semelhante à hérnia discal lombossacra.
     O tratamento para cisto de Tarlov baseia-se no consenso geral referente às patologias degenerativas de coluna lombossacra: diagnosticar se existe compressão nervosa e/ou óssea, para que se possa traçar uma conduta clínica e se necessário, um procedimento cirúrgico.
     O bom resultado do tratamento escolhido será determinado pela exatidão de diagnóstico, isto é, saber se existe outra patologia inerente à região como protusões discais, espondilolistese, osteofitose ou somente se a presença do cisto que provoca o quadro clínico do doente. Caso seja um cisto menor de 1,5 cm e sem alterações ósseas no local, o tratamento é controverso15 e, sendo maior ou igual a este valor, o procedimento cirúrgico será satisfatório.
     O procedimento cirúrgico envolve uma laminectomia para a descompressão do cisto. A cirurgia poderá acarretar complicações tais como: fístula liquórica, infecção, lesão nervosa e recidiva.
     Uma conduta clínica acarreta uso de medicação analgésica, antidepressivos, fisioterapia e analgesia peridural.
Fonte:
Márcia Cristina da Paixão Rodrigues Miranda de Sá, Renato Carlos Ferreira Leite Miranda de Sá. CISTOS DE TARLOV Relato de quatro casos. Arq Neuropsiquiatr 2004;62(3-A):689-694.
Márcia Cristina DE SÁ, Carla Tereza D’ANGELO, Guilherme DA ROS MALACARNE, Pedro NETO, Jorge PAGURA. CISTO DE TARLOV Definição, Etiopatogenia, Propedêutica e Linhas de Tratamento. Acta Med Port 2008; 21: 171-178.

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